sábado, 3 de setembro de 2011

Anarquismo


O homem é um animal, um mamífero, e não há mal nenhum em ser um animal, até porque é menos ultrajante do que vegetal e mineral, que seriam as outras opções. Sendo animal, o ser humano possui instintos, vários deles, que o ajudam a manter uma vida saudável e equilibrada. Possui instintos sexuais para que se perpetue, enquanto espécie, e instintos de autopreservação, para que se perpetue enquanto individuo, dentre eles o egoísmo. O egoísmo quer apenas proteger a existência individual e manter a qualidade dela. Mas esse egoísmo, precisa se equilibrar, precisa se controlar para que o homem não destrua a si mesmo, nas palavras de Hobes: "O homem é o lobo do próprio homem". Isso, o homem em estado natural é um lobo. Um animal carnívoro que vive a lei do mais forte, consumindo os mais fracos para sobreviver. Mas o homem também quer manter a sua espécie, é um ser social, tem necessidades de sociabilidade, portanto possui também um instinto de rebanho.

Esse instinto de rebanho, nasce do medo, para ser mais exato do medo da morte,da extinção. O homem, frágil que é, precisa se agrupar para conseguir vencer as condições naturais, precisa construir civilizações que o afastem dos perigos da selva, dos animais mais fortes, ou de qualquer coisa que pudesse extinguir sua existência como desastres naturais. E para manter-se dentro de um grupo, de uma sociedade, é necessário que haja uma moral, que vai permitir a convivência e colaboração entre os indivíduos. Essa moral põe em conflito os instintos do homem, ensina-os que sua auto-preservação é má, na medida que é danoso a sociedade. Então o homem adquire má consciência, através da contaminação por essa moral, e portanto já não mais quer ser um lobo. Agora ele está castrado, enfraquece por vontade própria, perde as garras, dentes, e se torna uma ovelha. Todo bom rebanho, para que se mantenha as coisas no lugar, precisa de um pastor. O homem precisa, instintivamente, ser controlado. E esses pastores, agora tocam as ovelhas para onde quiserem. Pastores são os políticos e sacerdotes que mantêm um controle ideológico ao povo, ovelhas.
Na sociedade capitalista, não são exatamente os pastores quem são os donos das ovelhas e das terras. As terras não são necessariamente a terra em si, na verdade a terra de nossa sociedade são os meios de produção. Os donos das ovelhas, são os donos das terras, ou seja, os grandes empresários. Esses querem que as ovelhas cresçam, reproduzam e por fim querem a lã e a carne delas. Todas elas. Então surge um problema, não se pode aproveitar um ovelha que é devorada por um lobo. Nem todos os seres humanos, puderam ser arrebanhados. Esses incivilizados, que se manteram como lobos e que devoram ovelhas são os traficantes, assassinos ,corruptos em geral que caso não sejam os próprios latifundiários ou pastores, são marginalizados, são separados das ovelhas e da sociedade. Isso não basta para que o problema seja resolvido, torna-se necessária a classe dos militares, esses são apenas as ovelhas violentas e sanguinárias, as mais desprezíveis das ovelhas. Na verdade, eu diria que ovelhas são muito limpas e agradáveis, é mais conveniente dizer que os militares são porcos, ferozes porcos do mato. Antigamente costumavam apenas matar todos os lobos e pronto, mas agora os proprietários perceberam um meio mais eficiente, agora se tenta transformar lobos em ovelhas, à força, se busca a "reintegração do indivíduo à sociedade" através das prisões. Assim há menos um lobo, e mais carne e lã. Mata-se dois coelhos com uma tacada só.

Um grande erro é pensar o socialismo, o posto em prática na antiga União Soviética, como uma forma de aniquilar esse esquema, quando na verdade o socialismo não faz os homens deixarem de serem ovelhas, apenas iguala todas as ovelhas. Assim se previne melhor a existência de lobos, que surgem mediante os desprazeres de ser uma ovelha. Além disso o socialismo toma a posso dos proprietários da terra, e das ovelhas melhores renumeradas, e concentra a propriedade nas mãos dos pastores. Apesar de dizer promover o fim da propriedade privada, o socialismo, na prática transformou os políticos nos detentores da propriedade. Isso o difere, fundamentalmente do anarquismo, que é apenas o ir contra esses modelos sociais. Um bom anarquista se recusa a ser ovelha, pastor, proprietário ou lobo. Ele quer destruir, desordenar, renovar. Na verdade o Anarquismo nunca existiu enquanto modo de produção, é uma filosofia de rejeição à qualquer manipulação política ou ideológica(da igreja, mídia, ou qualquer grupo que posso vir à existir).
Isso, e talvez somente isso é o que pode um dia fazer com que seres humanos, voltem a ser unicamente humanos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Maquiável e O Príncipe


Os homens em geral formam suas opiniões guiando se antes pela vista do que pelo tato, pois todos sabem ver mas poucos sentir. Cada qual vê o que parecemos ser, poucos sentem o que realmente somos. A imagem do príncipe tem que ser para todos que o vêem e ouvem íntegra, humanitária, misericordiosa, sincera. Portanto deve tomar cuidado com o que sai de sua boca.


Quem nunca ouviu falar que fulano é maquiavélico? Essa expressão tem origem em Nicolau Maquiavel(1469 à 1527) considerado o pai da política moderna, Maquiavel traçou na sua obra-magna O Príncipe, o perfil do governante ideal que estaria contraposição com o ideal político da época. Antes de Maquiavel o governante era tido como exemplo perfeito de ser ético, uma pessoa muito aquém em nível de caráter da maioria, o papel do governante seria então manter o equilíbrio social e despertar a virtude no povo. O príncipe é justamente uma crítica a esse modelo de governante, que nunca existiu como tal. Não importaria mais as atitudes privadas dos políticos e sim sua atitude pública. Claro que o governante deveria parecer um ser humano bom aos olhos dos governados, pois precisaria desse respeito para continuar no poder, mas isso não quer dizer que ele teria que ser um exemplo em sua vida privada.
Para Maquiavel a sociedade se dividia em dois grupos, os grandes que desejam oprimir o povo, e o povo que deseja não ser oprimido pelos grandes, entra aí o papel do príncipe que deveria servir de mediador entre esses dois grupos e ceder hora à um, hora à outro a fim de manter a paz no reino.
Uma visão diferente, que teria como adeptos Jean-Jacques Rousseau, e Baruch de Espinoza, interpreta O Príncipe como uma obra voltada ao povo. Querendo ensinar os governantes a dominá-los, Maquiavel mostrou ao povo como poderiam se defender dos príncipes.O que é muito irônico, é que a Política de hoje em dia é baseado na obra de Maquiavel, que é tido como o pai da ciência política moderna.

Realmente às vezes Maquiavel parece ser um sátiro.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Capitalismo X Socialismo


Por volta dos meus 13, 14 anos, com o fim do ensino fundamental, mente se expandindo, URSS, II Guerra... Eu fui conhecer o conceito de "modo de produção", a existência do estado, o que era socialismo, e acabei por achar que o socialismo era por essência superior e mais nobre do que o capitalismo, haveria igualdade para todos e poucos outros pontos favoráveis, conheci também o comunismo e o anarquismo(que não são o mesmo tipo de coisa, futuramente explico isso) e passei a apoiá-los apesar do caráter utópico dessas correntes. Depois conheci a questão da individualidade proposta, em minha cabeça, primeiramente pelo controverso ocultista Aleister Crowley e futuramente o filosofo Nietzsche(ando falando nele demais, mas vai passar quando estiver conhecendo idéias de outros) e então chega-se a conclusão de que:
  • O Marxismo parte da falsa idéia de que os homens são iguais;
  • A natureza mostra que a sobrevivência é dos mais aptos;
  • Políticas anarquistas paralisariam o desenvolvimento da humanidade;
  • E alguns outros argumentos anti marxistas.
Entretanto o problema não se resolveria por aí, não é bom ser escravo de governantes e ter sua liberdade de agir usurpada, além disso olhemos o contexto histórico de Crowley e Nietzsche, não puderam presenciar a destruição ambiental e o aumento progressivo das culturas de massa. Nem sonhariam com um mundo tão devastado aonde se espera o fim coletivo da vida(ou talvez pior, o acelera). Agora nosso raciocínio se encontra em um insolucionável paradoxo.
Certa vez perguntaram para o professor de história: "Professor qual você acha o melhor sistema?" Ele respondeu: "O que está por vir". Ao fim de cada período histórico a humanidade encontrou um novo sistema, superior ou não ao antigo. Só podemos esperar surgir(ou fazer que surja) algum que ponha igualdade de oportunidades, valorize a individualidade e a liberdade pessoal.

Uma apologia a blasfêmia


Blasfêmia é o ultraje, a difamação a qualquer autoridade tida como digna de respeito, seja ela uma entidade sobrenatural ou não. Sejam deuses ou governantes.Grandes escritores e filósofos foram também grandes profanadores de religiões e autoridades, blasfemou Nietzsche ao escrever seu anti-politicamente correto "O Anticristo", Epicuro ao propor seu famoso paradoxo, ou mesmo Galileu Galilei ao dizer que a terra que girava em torno do sol.
Homens de razão por toda a história sempre viram na blasfêmia uma maneira de libertação, uma demonstração e afirmação da coragem, liberdade, um "sim" à individualidade tão escassa, mas ainda em nosso tempo do que em qualquer outro. A blasfêmia não consiste em um ato de desrespeito como querem os religiosos, não se pode chamar de desrespeito a crítica à seres inexistentes, é antes uma opinião que não deveria atingir moralmente ninguém. Desrespeito é o que a igreja tem feito com homossexuais, seres humanos com direito de escolher qual caminho trilhar.
A idéia da blasfêmia é algo que provoca medo e repúdio por parte dos fanáticos débeis, as ovelhas jamais demonstrariam tanto vigor, tanta audácia para com o desconhecido, para com a santa mentira. Mas para "você" que é ateu, a Heresia é uma oficialização de sua rejeição a fé, a tudo que antes tinha como sagrado. Não é normal que o ex-islã guarde com carinho seu Corão. A blasfêmia ideal é seguida não por um sentimento de culpa, mas sim de indiferença, sentir-se culpado por cuspir em um crucifixo é uma prova de que ainda há resquícios cristãos em sua mente.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A religião não tem culpa de seus seguidores


Hoje eu acordei às 9:30 da madrugada(:-/) e fui pro twitter enquanto tomava café da manhã, me deparo com um Treding Topic "#euescolhifornicar" e pra descontrair twitto: "#euescolhifornicar mas tudo bem sou ATEU, o foda é que quase todo cristão também escolheu, bando de hipócritas", valendo lembrar que sou agnóstico, me digo "ateu" porque é mais cômodo não precisar explicar. Qual não foi minha surpresa quando uma jovem acéfala me responde como se eu tivesse chamado a todos os cristão de hipócritas, já começa não sabendo interpretar uma simples frase. E ainda disse que cristãos só fornicam quando ainda não tinham entrado pra igreja? Ah, senta lá, quase todos os cristãos fornicam. Ela usou apenas de argumentos como "você vai pro inferno" e veio falando que eu não deveria criticar o modo de pensar dos outros. Mas eu quero me formar em filosofia e me voltar a ser um crítico da moral, estaria ela querendo frustrar meus sonhos? Não bastasse, ela disse que apenas dizia a verdade e que era duro ouvi-la. Sorri triste e sarcasticamente, me lembrei de Nietzsche que tanto dizia que para aceita-lo era necessário não sentir a dor da verdade, o coitado deve ter se revirado no túmulo. Deixando a menina de lado, e quando usam argumentos como: "Se Deus não existe me explique como a terra gira em torno do sol", isso prova que a religião realmente pode ser adotada como uma maneira da mente se defender da falta de conhecimento. Ou pior ainda "Se o homem tivesse vindo do macaco haveria macaco virando homem até hoje", essa dispensa comentários.
Indo mais ao ponto, venho aqui defender o cristianismo contra seus próprios seguidores, ora Jesus não era capaz de vencer os "grandes sábios" em discussões? Sem dúvida diferente dos contemporâneos era um homem de notável inteligência. O que faz do cristianismo tão porco é ter sido escolhido para as massas. Foi preciso simplifica-lo ao ponto de que os mais limitados e vulgares pudessem compreendê-lo. Além disse tornou-se em uma espécie de "modinha", apesar de durar tanto tempo e como tal possui em sua maioria seres humanos nada intelectuais. O que era muito diferente de quase dois mil anos atrás, aonde o cristão era perseguido.
O perigo de ser cristão e o ódio por parte da maioria desenvolveria um cristão muito mais fiel e que repudiaram o estado e as massas, é o que acontece com quaisquer ideologias de minorias.

domingo, 10 de julho de 2011

Distopia? O que é isso?


Distopia é uma história de ficção científica, seja em livros ou filmes, que se passa em uma sociedade catastrófica, geralmente acontece no futuro e leva em conta o caminho que a humanidade tem tomado, na verdade extrapolando suas características atuais. A distopia oferece uma discussão ou reflexão acerca daquela sociedade e seus meios, com objetivo de alertar e conscientizar. Provocam no leitor/espectador um impacto, capaz de fazê-lo abominar aquele mundo.
Auldous Huxley, escritor inglês que morreu na década de 60, trouxe ao mundo uma grande obra distópica: Admirável Mundo Novo(Brave New World). O livro descreve o futuro de uma humanidade completamente materialista, aonde dissolve-se a unidade familiar, separam-se as pessoas em classes desde o nascimento, desde cedo os jovens são ensinados que a sociedade depende de trabalhadores e não dos filósofos ou dos poetas, há pílulas que curam enfermidades da alma: tristeza, saudade, solidão. E vai muito além disso.
Outro importante romance que segue linhas semelhantes é A Laranja Mecânica(A Clockwork Orange) em livro escrito por Anthony Burgess ou na versão adaptada ao cinema de Stanley Kubrick. A Laranja Mecânica narra a história de Alex e seus drugues(palavra que significa "amigos", a história é repleta desses neolinguismos), uma turma de jovens arruaceiros que espancam, matam, estupram por simples prazer. Traz uma reflexão principalmente à hipocrisia dos seres humanos. O filme é uma obra de muito bom gosto, cenas fortes, trilha sonora peculiar e as personagens nem se fala, Alex é um jovem fino que faz todas as suas "maldades" com uma pose e uma classe digna de um fã de Beethoven.
Atualmente há algumas obras dessa estirpe na literatura brasileira, que ainda não pude ler nenhuma, dentre elas:
  • "Não verás país nenhum" (Ignácio de loyola Brandão);
  • "Um dia vamos rir disso tudo" (Maria Alice Barroso);
  • "Fazenda modelo" (Chico Buarque);
  • "O fruto do vosso ventre" (Herberto Salles);
  • Arquipélago (Diogo Mainardi);
  • "Adaptação do funcionário Ruam" (Mauro Chaves)
  • E alguns outros;